Férias Para Sempre
Ficção l 23:00 l Direção: Pedro Tavares e Gabriel Papaléo l 2019
Messi e Johnny são convidados para uma festa na Barra da Tijuca. Quando ficam presos do lado de fora, eles têm a noite inteira para explorar as ruas e descobrir que esse lugar não foi feito para eles.
Roteiro: Messi Oliveira, Johnny Rodrigues, Pedro Tavares, Gabriel Papaléo
Produção: 7 a 1 Filmes
Montagem: Gabriel Papaléo, Pedro Tavares
Elenco: Messi Oliveira, Johnny Rodrigues, Ariany Ribeiro
Direção de Fotografia: Julio Napoli, Gabriel Papaléo
Direção de Arte: Gabriel Papaléo
Som: Guilherme Leite
Resenha
Por: Rafael Lopes César
Sempre enxerguei a Barra como um conjunto de espaços vazios. Suas avenidas largas e sem fim, cercadas de uma infinidade de condomínios idênticos e terrenos baldios que um dia darão lugar a outros condôminos também idênticos. Talvez seja por causa de seu relevo plano que sempre permite ver o horizonte (isso caso um prédio já não tenha sido construído na sua frente) ou por ter sido um bairro feito pela iniciativa privada sobrepondo qualquer poder público (ou até mesmo incentivado por este), quem saberá? Férias Para Sempre cuida justamente de não responder essa pergunta mas fazer bom uso dela.
É de se admirar a visão dos diretores ao conseguirem usar ao máximo a geografia reta, a arquitetura genérica e a artificialidade das luzes como o cenário ideal de uma juventude que caminha sem saber para onde e pouco se importando com isso, em que a única fuga do filme é o ponto de fuga dos enquadramentos. Como em um road trip que leva do nada para lugar nenhum, os personagens nos levam para diálogos cômicos que vão da frivolidade alienada para um existencialismo tão alienado quanto, ao mesmo tempo em que esperam que a mudança que os tire da letargia sem fim em que se encontram apenas caia do céu.
Férias Para Sempre é um filme sobre uma geração que parece que sempre existiu no Brasil, uma geração que pensa e tem noção disso mas apenas caminha em busca de outra festa em que sejam barrados. Assim como os áudios de filmes do cinema novo e do cinema marginal que entremeiam o curta com intuito de escancarar a decadência brasileira que já passa meia década, deixo aqui uma frase do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, idealizador do plano piloto da Barra e que anos depois criou aversão ao rumo que sua obra levou: “A vida é mais rica, mais selvagem e mais forte que os projetos individuais. Já de saída, eu sabia que isso era uma fatalidade histórica.”