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Eu, Minha Mãe e Wallace

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Ficção l 22:00 l Direção: Irmãos Carvalho l 2018

A história de uma fotografia: Uma mãe solteira, um pai ausente e uma criança.

Roteiro: Irmãos Carvalho

Produção: Eugenio Puppo

Montagem: João Rabello

Elenco: Fabrício Boliveira, Noemia Oliveira, Sophia Rocha e Robson Santos

Direção de Fotografia: Safira Moreira

Direção de Arte: Cleissa Regina Martins

Som: Gustavo Andrade

Resenha

Por: Leonam Monteiro

Uma foto marcada pela ação do tempo, esse é o início de Eu, minha mãe e Wallace. A personagem observa uma fotografia e nela estão sentados um menino e uma mulher negra, no que entendemos serem mãe e filho. A partir dessa situação, somos levados a história de Wallace (Fabrício Boliveira) que acabou de ter sua primeira saída temporária da prisão, após 11 anos de encarceramento. A personagem se prepara para encontrar com Vanessa (Noemia Oliveira) e sua filha Gabrielle (Sophia Rocha). 

 

A tensão corporal entre Wallace e Vanessa se estabelece, logo no primeiro momento em que seus olhares se chocam. O encontro entre os três se dá, quase em sua totalidade, em uma pequena cozinha. A direção de fotografia fica nas mãos da excelente Safira Moreira (Travessia, 2017). Aliás, a título de curiosidade, o filme de Moreira (também presente na Mostra) parte da história de uma fotografia antiga adquirida pela própria diretora, para discutir a ausência e a estigmatização da representação do negro.

 

Ao longo da narrativa, as relações entre as personagens se concretizam: estamos diante de um ex-casal e sua filha. O objetivo de Wallace é ter um registro com Gabriele. Seria uma atitude fácil, se não fosse o drama familiar envolvido: a ausência paterna. Seria a filha uma versão recente do pai? Uma criança sem a presença e o registro imagético da figura paterna? Quando nos colocamos essas questões, percebemos que, na verdade, Gabrielle é a personagem central. O “eu” referente ao título do filme, é sobre sua própria existência. Entre a tensão dos pais, a filha funciona como um território, no qual Wallace nunca esteve presente. 

 

A fotografia, objetivo da reunião das três personagens, funciona como registro para compensar um passado sem memórias e vislumbrar um futuro incerto. É na tentativa de conexão com a filha, que o filme registra cada gesto, fala e olhar, principalmente os olhares, na construção das relações de uma família.

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