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Perpétuo

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Ficção l 24 l Direção: Lorran Dias l 2018

Silvia e Alex voltam a morar juntos. Ruínas do passado se atualizam no presente. Vida em movimento.

Roteiro: Lorran Dias

Produção: Daniele Araujo e Gabriela Amadei

Montagem: Clarissa Ribeiro e Lorran Dias

Elenco: Rainha Timbuca, Gustavo Dias, Elvecio Martins, Edna Toledo, Kesia de Farias e Marilda Batista

Direção de Fotografia: Suelen Menezes

Direção de Arte: max wíllà morais

Som: Isabela Godoi

Resenha

Por: Suete Souza da Silva

Perpétuo é uma ficção escrita e dirigida pelo artista, cineasta e curador fluminense Lorran Dias. Lançada em 2018, a narrativa captura seu primeiro movimento na caminhada de Alex, lado-a-lado com a companheira Silvia, pelas ruas de Cerâmica – bairro dos subúrbios de Nova Iguaçu, no qual o jovem casal constitui lar com a filha. Os motivos escusos pelos quais Alex esteve distante de sua casa são revelados aos poucos, entre confraternizações e diálogos repletos de confidência, na medida em que conjunturas sociais e culturais difundem tempos e espaços para inundar as afecções, as pulsões e os anseios inquietantes das personagens por liberdade.

Ao articular vozes de atores profissionais e não-atores pelo intermédio da oralidade, entre aberturas de cortina e movimentos realizados em função da quarta parede, o curta-metragem desemboca cada momento de percepção (e de autopercepção) num fenômeno de protagonismo. Pois é retratando vivências e suspendendo violências, na Baixada, que Perpétuo realiza não apenas um levante contra os estigmas midiáticos impostos à periferia fluminense, mas confere também importância para suas múltiplas facetas de humanidade: individualidades compreendidas e fortificadas nos austeros limites da margem, não mais em função da homogeneidade metropolitana. Circunstâncias elaboradas no espaço diegético revelam, no subtexto da manifestação, a força-motriz simbólica de cada pessoa envolvida na produção.

Pelo contato e pela inspiração com diferentes gêneros e narrativas, Alex é definido e passa a se definir. É fazendo valer signos metalinguísticos potentes, reivindicando uma audição mais tenra e um olhar antinaturalístico para as narrativas entrecruzadas da Baixada que Perpétuo, frente às instituições que alienam-se de si nas estruturas arruinadas do pós-colonialismo, consolida reflexões sobre a perda de si nas linguagens e nos meios de outros como valor a ser pago em vida – mas também como investimento moral para um contato sincero entre diferentes sujeitos com a violência irracional das tecnologias presentes em seus territórios.

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