Minha História é Outra
Documentário l 22:00 l Direção: Mariana Campos l 2019
O amor entre mulheres negras é mais que uma história de amor? Niázia, moradora do Morro da Otto, abre a sua casa para compartilhar as camadas mais importantes na busca por essa resposta. Já a estudante de direito Leilane nos apresenta os desafios e possibilidades de construir uma jornada de afeto com Camila.
Roteiro: Lumena Aleluia e Mariana Campos
Produção: Ana Beatriz Silva
Montagem: Raquel Beatriz
Elenco: Camila Muniz ,Leilane Ribeiro, Niázia Ferreira, Aurélia Ferreira, Ariane Bernardes, João Gabriel
Direção de Fotografia: Lílis Soares
Direção de Arte: Ana Clara Tito
Som direto: Pedro Moraes e Vita Parente
Desenho de som e mixagem: Ricardo Mansur
Resenha
Por: Geovana Diniz
A luta por libertação passa pelo amor: esse é o sentimento que Minha História é Outra transmite. Não deixando de apresentar uma bruta realidade de dominação dos corpos, o filme traz de forma sensível e atenciosa o debate sobre o amor preta.
No histórico de relações afetivas de uma mulher preta estará muito presente a solidão. Em seu livro “Vivendo de Amor”, bell hooks, escritora, feminista e ativista social preta, entende que a “opressão e a exploração distorcem e impedem nossa capacidade de amar”. E mesmo no século em que mais se debate sobre os direitos da comunidade LGBTQI+ e da população negra, as mortes de mulheres pretas lésbicas aumentam a cada ano. Minha História é Outra visibiliza esses corpos, suas formas de amar e de continuar amando, apesar de uma sociedade que ensina pessoas pretas a reprimirem seus desejos e odiarem a si mesmas.
Mariana Campos entrega uma fotografia encantadora, que nos aproxima da vida das personagens, e uma narrativa sensível sobre as suas realidades, que com diferentes vivências se entrelaçam em suas buscas por afeto e cuidado. Reconhecer e compreender suas vidas é um processo de descolonização e de entendimento dos sistemas de dominação que permeiam nossa sociedade. O amor por essa ótica se torna uma forma de sobrevivência e um ato revolucionário, que pode ser encontrada no outro e em si mesmo.
Escolher o amor é ir contra a dominação e a opressão. Pode até não curar todas as feridas, mas certamente reconforta.