Lyz Parayzo Artista do Fim do Mundo
Documentário l 15:00 l Direção: Fernando Santana l 2019
A obra independente acompanha o início da trajetória artística de Lyz Parayzo, artista visual que através de suas obras e performances, coloca em discussão qual o espaço da arte em um corpo não binário provindo da periferia.
Roteiro: Fernando Santana
Produção: Fernando Santana / Lyz Parayzo
Montagem: Fernando Santana
Elenco: Lyz Parayzo
Direção de Fotografia: Fernando Santana
Direção de Arte: Fernando Santana
Som: Fernando Santana
Resenha
Por: Suete Souza da Silva
Lyz Parayzo Artista do Fim do Mundo é um filme independente e documental dirigido por Fernando Santana. A obra acompanha as intervenções urbanas, as performances e os trabalhos realizados por Lyz Parayzo, artista contemporânea fluminense, por galerias, casas de arte e espaços acadêmicos. Denunciando os deslocamentos realizados do conforto de sua casa diariamente, em Campo Grande, a artista não-binária reflete sobre suas concretizações artísticas e sobre as questões de gênero que permeiam suas atividades – sejam os rituais realizados na arena centro-metropolitana, seja o conjunto de estigmas sociais e culturais existentes dentro e fora dos espaços nos quais atua.
Saturando seus registros com filtros permanentes que remetem a uma televisão analógica, numa estética que alude a uma manifesta e nostálgica homenagem ao audiovisual oitentista, o curta-metragem apresenta cada trabalho por meio de cartelas com tipografias digitais informáticas. É na utilização de ruídos visuais no formato que Lyz preenche seu documento com um conjunto de referências anacrônicas, em estilo e em linguagem, para perpetuá-lo – seja nas estruturas sobre as quais o contemporâneo é erigido, seja no pertencimento permanente ao clássico.
Partindo de uma interlocução simples entre a voz da artista com a materialização da obra, é na referenciação de cada atividade com suas reflexões socioculturais que Parayzo explora as temáticas, no tempo presente, pelas quais seu corpo político e cidadão é deslocado – inspirando e atravessando a materialização do trabalho por diferentes territórios para, a partir disso, desconstruir um conjunto de ideias estruturalmente sedimentadas.
Pois é na verbalização irreverente de que sua produção só é possível ao mover-se da periferia pela cidade todo dia, levando mais de duas horas, que Lyz dispõe seu corpo e sua produção com autoconsciência artística, mas também com um senso de não-pertencimento ao apontar seu próprio fazer artístico como trabalho, como exercício permanente de performance... A dúvida subjacente, sobre ser artista enquanto se é ou enquanto se faz, é retomada como conclusão e abre margem para uma multiplicidade de artes - todas elas dispersas, em atividade ininterrupta, pela cidade.