Resenha

Por: Leonardo Martinelli

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Quais os limites entre o cinema e o vídeo? A questão não possui uma resposta definitiva, e o hibridismo está impregnado em qualquer tentativa de mapear as fronteiras do que caracteriza cada um. "Tem coisas que só acontecem no Japeri" se apresenta com uma estética casual, propositalmente semelhante ao que se encontraria no YouTube em vídeos caseiros sem pretensões cinematográficas. Um dos espaços que mais emite a energia da casualidade do cotidiano fluminense é o trem, e é esse o espaço que Isadora Aventureira busca mostrar. Entretanto, fugindo do formato usual, a realizadora se aproxima do vídeo.

Não há nada que impeça uma jovem de montar uma rede em seu ramal e ficar deitada durante sua jornada, degustando uma cerveja popular. O trem é o espaço de espera entre um ponto e outro, se materializado como o não-lugar. E por conta de inequalidade geográfica do Rio de Janeiro, é o local onde muitos trabalhadores passam várias horas. O que poderia ser visto como absurdo em outros espaços é recebido como apenas um momento curioso nessa jornada cotidiana.